sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nossa versão do conto: CINDERELA DO SÉC. XXI

Era uma vez um senhor viúvo que tinha uma linda filha que se chamava Cinderela, mais conhecida como Cindy. Com o passar dos anos, ele começou a se sentir muito só e resolveu casar-se novamente.
Casou com uma viúva que tinha duas filhas invejosas. Elas eram mal educadas e mimadas. Na ausência do seu pai implicavam muito com ela e faziam a maior bagunça em seu quarto. Um dia, o pai de Cindy faleceu e a vida de sua jovem filha piorou ainda mais, pois a madrasta cortou sua mesada, além de ter que aturar suas filhas nojentas.
Uma tarde as meninas ficaram super afobadas, pois viram na internet que o garoto mais popular e lindo do colégio daria uma big festa no seu aniversário e todas as meninas do colégio foram convidadas.
Cindy pediu dinheiro para a madrasta para comprar um vestido novo, porém ela se recusou. Cindy disse que o dinheiro também era dela, pois ela também tinha direito à pensão de seu pai, mas nada adiantou.
Porém ela não se deu por vencida começou a pensar em uma maneira de ir à festa super produzida. Foi então que ela viu no mural de seu prédio que vários moradores estavam precisando de uma pessoa para passear com seus cãezinhos de estimação e pagavam bem pelo serviço. Mais que depressa Cindy aceitou o trabalho e conseguiu uma boa graninha para gastar no shopping. Comprou um belo vestido de grife e passou bastante tempo no salão de beleza. Além de incrementar o visual com o anel de cristal que era de sua mãe e que conseguira esconder da madrasta e de suas filhas encrenqueiras.
Na festa os convidados não tiravam os olhos de Cindy, e suas irmãs nem a reconheceram. Ao vê-la o aniversariante gatinho foi imediatamente tirá-la para dançar. Eles dançaram e conversaram a noite inteira, mas quando Cindy percebeu que já era muito tarde e que suas irmãs já estavam indo embora, saiu correndo sem se despedir do garoto. Na pressa, seu anel escorregou do seu dedo, o gatinho encontrou e guardou com muito cuidado, pois o anel poderia ajudá-lo a encontrá-la novamente. No dia seguinte, ele viu cuidadosamente todas as fotos da festa e encontrou uma com Cindy. Fez vários cartazes com sua foto com a seguinte mensagem: PROCURA-SE ESSA ENCANTADORA GAROTA POR QUEM EU ME APAIXONEI. TE ENCONTRO HOJE DEPOIS DA AULA NA QUADRA.
Quando o sinal tocou anunciando o término da aula ele foi correndo para a quadra e quando chegou lá encontrou milhares de garotas que diziam ser a garota encantadora da festa. Ainda bem que ele tinha o anel e foi perguntando para cada uma o que elas tinham perdido na festa. Depois de ouvir tantas abobrinhas e já estar cansado ele ouve uma voz delicada dizer: “um anel de cristal”. Na mesma hora ele levantou e o colocou em seu dedo que serviu perfeitamente. Ali mesmo ele a pediu em namoro!
As filhas da madrasta ficaram de queixo-caído e dias depois Cindy foi morar com sua tia e conseguiu sua parte na herança de seu pai. Anos mais tarde casou-se e teve uma vida bem-sucedida.





















Análise Psicológica do conto

Estão presentes nessa estória os sofrimentos e as esperanças, bem como a vitória da heroína humilhada pelas irmãs adotivas.
Borralheira é humilhada pelas irmãs adotivas. Sua madrasta faz tudo que suas filhas querem e sacrifica Borralheira para fazer as vontades delas e os trabalhos domésticos. Com isso a criança associa a estória de Borralheira ao seu cotidiano, quando a mãe pede que faça um favor, ou quando nasce um irmão. Sente-se enciumada e acha que pelo fato de ter ganhado um irmão será desprezada e tratada como Borralheira.

Encontramos também nessa estória a rivalidade fraterna, entre Borralheira e suas irmãs adotivas. As irmãs sentem ciúmes de Borralheira, portanto passam a maltratá-la. Esse ciúme é gerado devido à beleza de Borralheira. Durante os anos de rivalidade fraterna a criança vivencia um período interior de sofrimento, privação e carência, ela experimenta equívocos e malícia. Os anos que Borralheira viveu entre as cinzas dizem a criança que ninguém pode escapar disso. A estória ajuda a criança a aceitar a rivalidade fraterna como um fato de vida comum.

Nenhum outro conto relata tão bem como “Borralheira” a fase edípica da criança. A criança antes de entrar na fase edípica, acredita que é adorada, amada e protegida pelos pais; se tudo ocorrer bem na família. Assim, ela não tem motivo para ter ciúme de ninguém. Em todas as versões de “Borralheira”, são relatados os desejos e ansiedades edípicas da menina. O desejo de ser amada, e mesmo ser parceira sexual do pai, que no começo do processo edípico parece natural e “inocente”. As decepções edípicas do seu período final trazem dúvidas sobre o censo de valorização da criança. Ela é repreendida durante a socialização; sente ciúmes e medo de ser rejeitada pelos pais; os irmãos mais velhos parecem tirar vantagem da criança, que agora passa a ser menos protegida. Em “Borralheira” ela se encontra com o príncipe e conquista seu amor,o que o transforma num substituto do pai,como um homem a quem ela mais ama no mundo.
Quando a criança ultrapassa a idade edípica está pronta novamente para ter boas relações com a mãe. Em “Borralheira”, a fada aparece como uma representação simbólica da mãe original que fornece à filha os meios de encontrar um príncipe, permitindo que a filha tenha êxito sexual com o príncipe, um objeto não edípico.

Esta estória é importante para a criança, pois mostra que os sonhos podem se tornar realidade. A cena que demonstra isso é quando Borralheira quer ir ao baile com suas irmãs e não pode, então a fada madrinha aparece e realiza o seu desejo. Mostra também que os humildes serão exaltados. Borralheira sofre todas as humilhações, mas continua com o coração puro e como recompensa casa com o príncipe. Ensina que, quando se faz algo errado se é castigado. As irmãs queriam casar com o príncipe, mas ele escolhe a Borralheira. Traz a inocência de Borralheira, pois ela não faz nada contra sua madrasta e suas malvadas irmãs.